Alimentar
o recém-nascido com o leite da mãe é de extrema importância para a saúde do
bebê, pois, proporciona benefícios que estão relacionadas às melhorias da
imunidade, digestão e absorção de nutrientes. Mas, quando o recém-nascido é
prematuro, pode levar algum tempo para que ele seja levado ao seio materno.
Por que muitos bebês não conseguem
ir ao seio da mãe enquanto estão na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTI
Neo)?
O
coordenador da UTI Neo do Hospital e Maternidade Samel, Alexandre Miralha,
explica que durante os dias de internação, é muito frequente a separação entre
a mãe e o bebê por vários motivos, entre eles, doenças que precisam ser
tratadas no ambiente da UTI. “Uma grande parte dos bebês internados é formada
por prematuros (bebês que nascem antes de 37 semanas de gravidez). O corpo do
bebê precisa de nove meses para se preparar para o parto e quando ele nasce
antes, essa preparação é interrompida”. Intubação traqueal (para respirar
através de aparelho), tempo prolongado na incubadora e a necessidade de alimentação
parenteral (pela veia) e/ou por SOG, acabam por impedir o bebê de mamar devido
a imaturidade dos órgãos.
Método “canguru”
Quando
a criança chega à UTI Neo, dependendo do quadro clínico apresentado, os pais
são incentivados a praticarem o “método canguru”, que consiste no contato,
inicialmente pele a pele entre mãe e filho. O ato de tocar o recém-nascido é
uma forma de dizer ao bebê que os pais estão ali. É o início do vínculo da
família (em especial mãe e pai) e o seu bebê.
“Mesmo
o bebê estando internado e não tendo um contato físico com os pais, nós
começamos a praticar o 'canguru' permitindo que eles visitem seus bebês a hora
que quiserem na UTI. Nesse momento, começamos a conversar com a mãe sobre a
importância da amamentação, ainda que a criança esteja impossibilitada de
amamentar. Evitamos abrir a incubadora e a fazer toques excessivos naqueles
recém-nascidos mais graves, pois a estimulação excessiva pode acarretar
desconforto (sentido como dor) e alterações de pressão arterial e oxigenação”,
ressalta Alexandre Miralha.
Cantinho do Leite
Para
que a produção de leite materno não seja interrompida, a equipe médica da UTI
Neonatal do Hospital Samel encaminha as mães ao “Cantinho do Leite” da
instituição. “Um espaço de atendimento destinado à promoção do aleitamento
materno, bem como a resolução de problemas e esclarecimento de dúvidas sobre a
amamentação”.
O
setor é constituído por uma equipe de técnicos em enfermagem especializados em
aleitamento materno, que dão dicas e auxiliam as mães a fazerem a ordenha
correta, o que estimula a lactação. O leite colhido é encaminhado ao Banco de
Leito do Estado, onde é pasteurizado e retorna ao Hospital, para que seja usado
pelos recém-nascidos.
E como o bebê é alimentado na UTI
Neonatal?
Alexandre
Miralha, explica que quando o bebê está internado e não pode receber o leite da
mãe por via oral, é realizada a nutrição parenteral, que é a administração por
via endovenosa de nutrientes como proteínas e glicose, bem como água,
eletrólitos, vitaminas e sais minerais. Tão logo melhore a nutrição enteral
poderá iniciar pela sonda orogástrica (um tubo de silicone fino introduzido
pela boca e que fica localizado no estômago) para garantir que o bebê receba a
quantidade adequada de leite conforme a evolução do quadro clínico.
Dr. Alexandre Miralha Hospital Samel |
Quando
o bebê começa a apresentar melhorias em seu quadro clínico, o leite materno
começa a fazer parte da sua alimentação. “No início, a quantidade de leite dada
ao recém-nascido é mínima. Cerca de 1 ml a cada três horas, sempre por sonda
orogástrica no início”, ressalta o pediatra.
Além
disso, é feita a colostroterapia, que é a utilização do colostro com o fim
diferente do nutricional, sobretudo para os recém-nascidos, para os quais o
colostro representa o verdadeiro suplemento imunológico. “A colostroterapia
estimula a proliferação de bactérias da flora normal do bebê que impedem a
fixação das bactérias do ambiente, da UTI, que são multirresistentes e
agressivas. Então essa é uma das estratégias de prevenção”.
“A
medida que o bebê vai melhorando da doença que o levou a ficar internado na UTI
Neo, a quantidade de leite materno dado ao bebê começa aumentar para que ele
ganhe peso e, quando ele apresenta o peso ideal e o quadro clínico melhora, nós
já podemos agendar a alta do bebê”, finaliza o doutor Miralha.